quarta-feira, 12 de maio de 2010

O jornal impresso vai acabar? Tomara!

Para muitos, os jornais não vão acabar. Eles já estão acabando.
Primeiramente, que fique claro: o foco dessa discussão é o fim do papel como meio de jornalismo e nunca o jornal em si.
O jornal impresso foi a primeira forma de comunicação de massa. Era lento e burocrático, mas formador e, depois, informador. O tempo nos mostra que o que se queria eram edições cada vez menos esporádicas. Desejavam que cada notícia chegasse às pessoas o mais rápido possível. Primeiro
mensal, depois, quinzenal, semanal e assim por diante. Estávamos nos encaminhando para o tradicional "diariamente". Porque, hoje, se prefere o papel em detrimento da rapidez sempre tão desejada? Com certeza o primeiro jornal do mundo, o Nieuwe Tijdinghen, que surge aproximadamente em 1605 desejaria a agilidade de um jornal online.
Essa polêmica é mais que natural. Além do receio que se tem de "perder" uma cultura tão enrustida como essa, se ganha muito com o "papel de notícias". Roger Filder, diretor do projeto da Knight-Ridder, dizia que os jornais eletrônicos iriam substituir as edições impressas por volta de 2005 - chegou perto. Para os mais privilegiados economicamente essa já é uma realidade.
O edito chefe do jornal "O Globo", Ali Khammel, acredita que os jornais impressos ainda tem uma vida longa pela sua versatilidade. O projeto é modificar o conteúdo: de informativo para interpretativo, como nos primórdios da comunicação.
A verdade é que as pessoas dificilmente lêem notícias e sobre elas criam opiniões. Não são raros os casos de adultos contemporâneos que foram "construídos" a partir de opiniões de jornalistas. Essa realidade indica uma probabilidade grande de que o jornal impresso pode agradar em seu novo modelo. Contudo, para divulgar opiniões a internet também serve.
O interesse é unico e exclusivamente dos proprietários de jornais impressos que temem a mudança. Muitos não admitem adotar o sistema de assinaturas online. Não faturariam tanto quanto com o jornal impresso, pensam eles.
Khammel afirma ainda que muitos grupos editoriais do mundo inteiro estão aplicando grandes quantias de dinheiro na modernização de seus parques gráficos. Eles pretende continuar a investir em seus produtos impressos. Não é nada condenável sua vontade de vender, mas cabe a nós a conscientização e decisão de o impresso permanece.
No início dos anos 2000, Leo Bogart, sociólogo e consultor da Newspaper Association of America, dizia que os jornais convencionais iriam sobreviver e prosperar no mundo digital e uma das razões era o fato de que por maior que seja a evolução das telas dos computadores (leves, portáteis, de cristal líquido), elas jamais teriam a capacidade do jornal de serem dobradas ou enroladas e levadas para toda a parte. Mas essa possibilidade já existe.
A parceria entre LG e Philips, que produz painéis LCD na Coréia do Sul, já anunciou o novo papel eletrônico. Em formato A4 e com a espessura de uma folha de papel, o "e-paper" pode ser dobrado e só gasta energia quando a imagem é alterada.
Indícios são fortes: segundo o Observatório de Imprensa: desde 1990, 25% das vagas na imprensa diária americana foram fechadas; somente 8% das pessoas ouvidas em uma pesquisa pretendem se informar pelos jornais impressos no futuro; O Monitor, jornal de política internacional, deixou de circular em papel, a até mesmo o New York Times tem quedas freqüentes em seu veículo impresso.
O jornal impresso é muito menos interativo que o digital, é único e exclusivamente utilizador de uma comunicação de mão-única, tem um poder de alcance disdizente com a realidade de rapidez e instantaneidade, possui notícias que se atrasam sem a possibilidade de complementação de informação e o ônus mais relevante: é de árvore.
Do outro lado da história, ambientalistas buscam soluções para lixos que não podem deixar de serem consumidos, e os jornais, que podem ser substituídos pela Internet se dão ao luxo de querer sobreviver. Luxo ou lixo?
Por enquanto ainda é ótimo que o jornal impresso exista, nem todos já tem oportunidade de comprar um eletrônico. Mas o meu otimismo que grita que tudo acontece quando deve acontecer torce, profundamente, para que esse dia chegue logo. O planeta agradece.

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